O CONCEITO

Caminhões ônibus interurbanos ônibus urbanos carros bicicletas e pé

Para se construir a nova estação rodoferroviária de Ipatinga, dois conceitos fundamentais.
O primeiro, numa visão mais macro, relacionando a estação com a cidade, com as cidades vizinhas e com as estradas que cortam Ipatinga.
O segundo, numa análise mais arquitetônica, organizando os fluxos de carros, ônibus e pessoas que entram ou apenas tangenciam a estação.
Conceito 1: implementar a estação sem descaracterizar o sistema viário existente.
Aproveitando a vocação da área - centro geográfico da cidade, cortada pela BR 381 e pela Vitória-Minas - e preservando ao máximo as vias existentes - sem alterar o traçado da BR, o acesso ao bairro Ideal e a atual estação ferroviária - as plataformas da nova rodoviária serão construídas no canteiro central, entre as pistas de subida e de descida da BR 381. E só os ônibus entram, sendo direcionados para duas plataformas: uma para os ônibus interurbanos (com acostamentos diagonais) e outra para os ônibus urbanos (com acostamentos longitudinais) que poderá se transformar em plataforma para VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), uma releitura moderna dos antigos bondes.
Conceito 2: não cruzar o fluxo das máquinas (carros e ônibus) com o fluxo de pessoas.
Com um grande saguão semienterrado, as pessoas poderão se deslocar livremente, sem a preocupação de atravessar ruas ou estradas. Usando o já rebaixado piscinão do bairro Ferroviários como estacionamento da nova estação, o pedestre circulará livremente - sem subidas ou descidas - desde o estacionamento (de carros, motos e bicicletas) até a plataforma do trem. Passando por baixo de cada pista da BR, o idoso, o obeso, o cadeirante, o pai empurrando um carrinho de bebê ou alguém carregando um excesso de bagagem poderá se deslocar com tranquilidade. E fica a cargo da arquitetura (com diferentes pés direitos, com taludes e com uma cobertura escultural) tornar esse percurso um verdadeiro passeio.

A CIDADE

A 220m acima do nível do mar, Ipatinga tem um clima tropical subquente e subseco. Está situada no Leste de Minas Gerais, dentro da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, na microrregião do Vale do Aço. Abrigando 245 mil habitantes, a cidade possui um PIB de R$ 5,5 bilhões e Renda Per Capita de R$ 23.113,00.
O município é cortado pela ferrovia Vitória-Minas - que liga Vitória a Belo Horizonte - e pela BR-381 - que liga Salvador a capital mineira.
O terreno a ser implantada a nova estação foi previsto no Plano Habitacional da Usiminas, elaborado em 1976 pelo escritório de arquitetura MMM Roberto, plano este que estruturou a cidade de Ipatinga como ela é hoje.





SISTEMA VIÁRIO

Ipatinga possui uma malha viária bem estruturada, fruto de um planejamento moderno e rodoviarista.
O local escolhido para implantação da nova rodoviária possibilita que esta arquitetura tenha vantagens importantes para uma estação:
. Está no centro geográfico da cidade
. É de fácil acesso
. Há a possibilidade de se expandir no futuro
. Não altera a estrutura viária já estabelecida
Como ponto de partida para a concepção deste projeto, analisamos, em diversos níveis, os fluxos viários existentes e a serem implementados. Hierarquisamos e organizamos esses meta-dutos minimizando cruzamentos e interferências.
Desenvolvida em dois pavimentos com funções distintas - um para máquinas e outro para pessoas - alcançamos uma plena fluidez dos automóveis que tangenciam a nova estação e também uma boa acessibilidade aos seus usuários.

ESTAÇÃO CENTRAL


Pelo fato da maioria das linhas de ônibus que circulam a cidade tangenciarem o terreno da estação proposta, esta passará a funcionar como “marco 0” no sistema viário Ipatinguense. Assim, se faz necessário um amplo espaço de convivência no edifício.

TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA


A estação foi desenvolvida em dois pavimentos. O térreo, destinado às "máquinas", tem as pistas de acesso e as plataformas dispostas ao longo da rodovia, no canteiro central.
Na necessidade de expansões futuras, as plataformas dos ônibus interurbanos podem até triplicar sua quantidade, e as plataformas de ônibus urbanos - tendo acostamentos logitudinais - permite também a migração para outro sistema de transporte, por exemplo o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Devido ao entorno inóspito (usina siderúrgica), um saguão de grandes dimensões foi criado semi-enterrado. Assim, os usuários ficam protegidos das intemperes e do intenso tráfego de veículos. Este saguão abriga todos os equipamentos do terminal, em distâncias a serem percorridas a pé.


ARTES PLÁSTICAS


No saguão, um painel de grandes dimensões no lado oposto ao acesso principal, com uma temática de exaltação à cultura local, integra-se no conjunto da composição arquitetural como um de seus elementos constitutivos, embora dotada de valor plástico autônomo.

CONFORTO AMBIENTAL


Para minimizar a sensação de estar enterrado, dois taludes foram criados para entrada de luz, vegetação e ventilação natural, no interior da estação. Placas termo-acústicas foram encaixados na camada inferior da treliça para, além de dar fechamento à cobertura, bloquear a reflexão do som vinda das plataformas dos ônibus. E um chafariz, provedor de som e umidade, foi colocado, justamente no foco do saguão, para manter aclimatação até nos dias mais secos.

ESTRUTURA




Esta arquitetura tem com premissa exaltar a construção em aço, já que Ipatinga o produz. Para isso, optou-se por uma forma que trabalhasse as propriedades do material. Um sistema de agregação de unidades espaciais - tetraedros e octaedros - foi usado para compor uma treliça espacial curva de dupla superfície, para vencer o grande vão que abriga a espera de passageiros.



PROGRAMA

SETOR DE OPERAÇÕES
1 Plataforma de acostamento diagonal
2 Plataforma de acostamento longitudinal
3 Módulo de bilheteria

SETOR DE USO PÚBLICO
4 Salão de espera
5 Sanitário feminino
6 Táxis
7 Sanitário masculino
8 Estacionamento

SETOR DE SERVIÇOS PÚBLICOS
9 Informações
10 Correios e telégrafos
11 Posto de emergência
12 Assistência social
13 Posto DNER/ DER
14 Guarda-volumes
15 Posto telefônico
16 Juizado de Menores
17 Polícia Militar/Civil
SETOR DE ADMINISTRAÇÃO
Administração do terminal
18 Chefia
19 Almoxarifado/depósito
20 Escritório
21 Sanitários

Serviços gerais
22 Chefia e controle
23 Vestiários
24 Depósitos
25 Sanitários
26 Vestiário masculino
27 Vestiário feminino


SETOR DE COMÉRCIO

28 Café
29 Restaurante
30 Artigos regionais
31 Farmácia
32 Engraxate
33 Agência locadora de autos
34 Lanchonete
35 Tabacaria

36 Jornais e revistas
37 Livraria
38 Agência de turismo
39 Agência bancária

DIMENSIONAMENTO

Número médio de partidas diárias:
Média real 116
Média adotada 200

Número máximo de partidas simultâneas 12

Número de plataformas:
Embarque 11
Desembarque 4

Máximo possível de partidas diárias 1.000

PLANTA BAIXA

PLANTA DO SUBSOLO